domingo, março 21

Mais um para as estatísticas?

E lá se vai mais um jovem pobre e negro, mais um para as estatísticas. Até quando teremos que conviver com esta barbárie. Crianças matando crianças, vidas perdidas para o crack.

Pior do que virar mais um número é saber que muitas vezes as pessoas tratam com normalidade o tema, como se fosse parte da "cadeia alimentar", já ouvi inclusive que "deixa eles se matarem". Isto e fruto da barbárie, hipocrisia e mais profundo dos preconceitos com os pobres.

Sou mãe e me coloco no lugar de mais uma mãe que perdeu seu filho, uma perdeu de fato e a outra perderá aos poucos, uma morte lenta e dolorida do crack. Para estas famílias não ha dor maior.

Espero que as equipes municipais e principalmente a Brigada Militar e Policia Civil se engajam com muita enfase na implantação do Território da Paz no Parque Primavera e que consigamos apagar da nossa memória tantas tragédias e principalmente, consigamos garantir aos jovens deste bairro um futuro de alegrias e oportunidades.
Joceane

Primavera

Cecília Meireles

A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.
...
Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.

Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou.

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